Já
ouço, daqui, alguns dizendo: “- Baah! Outro filme sobre heróis e vilões! Tô
fora!”
Lamento
dizer, mas vocês estão certos. É, de fato, mais um filme de heróis contra
vilões.
O nome
“Vingadores” nunca me agradou, desde a época em que os via em quadrinhos, na
minha adolescência. Eu não gosto de quem
se vinga. Gosto de quem faz justiça, o que é bem diferente.
O
próprio George Lucas (renomado diretor) até a véspera do lançamento do que
seria o 6º e último
capítulo da saga Star Wars, manteve o
nome do filme como “A Vingança do Jedi. Porém, sujeito brilhante que é,
percebeu em tempo que esse título depunha contra tudo que ele pregava desde o
início da saga. Vingança não era um sentimento apropriado para um Jedi. Os Jedi
são nobres cavaleiros, guardiões da paz e da justiça nas galáxias. Assim, o
filme passou a se chamar, como todos conhecemos, “O retorno de Jedi”.
Voltando ao
tema “Os Vingadores”, não vou contar o filme (isso não se faz), mas esse título
parece se encaixar perfeitamente aqui, já que nossos heróis vão precisar vingar
nosso planeta de uma ameaça alienígena.
Não se
engane, porque os chavões estão todos lá, o maniqueísmo também e a forte
influência do imperialismo norte-americano continua, por assim dizer, a
“imperar”. Não por acaso, o líder dos Vingadores é justamente o Capitão América
(Chris Evans), o super soldado criado em laboratório que veste a própria
bandeira americana no corpo e representa todo patriotismo e orgulho deles.
Em seguida,
temos o Homem de Ferro, vivido magistralmente pelo professor Robert Downey Jr..
Professor porque, enquanto atua, Downey Jr. dá aula de interpretação a todos os
outros. Ele é leve, diverte-se com o personagem. Tony Stark continua sagaz,
afiado, irreverente e, sobretudo, competente, como nos dois primeiros filmes da
franquia Homem de Ferro.
Daí, vem o
Thor (Chris Hemsworth), aquela figura mítica, o deus nórdico que faz as
mulheres suspirarem e encherem a boca de pipoca. Thor volta à Terra, depois de
seu filme solo, atrás do irmão Loki (Tom Hiddleston), que todos acreditavam
estar morto. Mas que, muito vivo, se torna um vilão mais sádico e perverso.
Outro ponto
alto do filme é a aparição do Incrível Hulk. Depois de dois longas de pouco
sucesso e repercussão, o gigante verde reaparece para se juntar aos Vingadores,
vivido pelo ótimo Mark Ruffalo. Ruffalo faz, com maestria, o pacato dr. Bruce
Banner que, em gestos contidos e tímidos, muito me lembrou o mesmo dr. Banner
vivido por Bill Bixby (ator já falecido) na antiga série de TV.
Banner, o
filme inteiro, parece querer se desculpar por existir. Tem vergonha de ser quem
é. Vive pelo mundo a se esconder. Mas, na verdade, sua fuga desesperada é para
se esconder de si mesmo. Ele evita, ao máximo, dar lugar à criatura insana que
vive nele. Ele é, ou não, um pouco como eu e você?
De início,
todos evitam irritá-lo. Querem dele, apenas, a colaboração do brilhante
cientista, especialista em raios gama. Mas logo vão descobrir que, bem
canalizada (ou não) a fúria da besta esverdeada será um dos maiores trunfos do
time.
Menos
interessantes, mas não menos importantes, temos a Viúva Negra (vivida pela
estonteante Scarlett Johansson), uma ex-espiã russa que luta e atira como poucos;
o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), exímio lançador de flechas; e o responsável
por recrutar toda essa turma, o agente Nick Fury (vivido pelo sempre excelente
Samuel L. Jackson). L. Jackson nem precisa fazer muito. Basta estar lá... e o
filme já ganha muito em credibilidade.
Promessa de
muita ação, explosões, efeitos especiais incríveis e boas pitadas de humor. É
cinema pipoca, sim. Mas vale cada centavo do ingresso.
Por 2 horas e
22 minutos (tempo aproximado do filme) você esquece um pouco do mundo lá fora:
o IPVA, a conta de luz, a declaração do imposto de renda... e se rende ao mundo
da fantasia. Vira criança de novo ou, como o Hulk, libera aquilo que existe
dentro de você, mas que socialmente não é mais aceito/permitido.
Saímos do
filme nos sentindo vingados. Vingados de uma semana de trabalho, faculdade,
condução lotada... seja lá qual forem as suas lutas.
Eu sei, esse
sentimento passa logo. Para mim, dura 15 minutos. Para meu filho, de seis anos,
dura uns 15 dias. Então, aproveitemos enquanto ele dura. Sonhemos, enquanto
pudermos, que estamos protegidos da maldade do mundo pelo martelo do Thor, pelo escudo do Capitão
América e pela força do Hulk. E rir, na cara do perigo, das mazelas da vida,
das enfermidades que nos acometem, da tristeza que sentimos, como faz Stark, o
Homem de Ferro.
29/04/2012
2 comentários:
Você escreve muitoooo! Parabéns!!!
Você tinha que atualizar o seu blog mais vezes. Você tem muitos textos lindos.
Bjs
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