quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ponto de partida


Ponto de partida


Eu queria zerar
Voltar ao ponto de partida
Começar tudo de novo
Mas não posso

Se pudesse...
Será que seria bom?
Será que se resolveriam meus problemas?
Será que eu diria: “Ah! Agora, sim!”
E começaria a fazer tudo diferente?
Tudo melhor do que já fiz?
Ou cometeria os mesmíssimos erros?

Esse luar de hoje me inspira
E é o mesmo luar que, em Évora, inspirava Florbela Espanca
É o mesmo que, há cem anos, a angustiava por ela não poder traduzir
em palavras a exatidão do que sentia, a perfeição que vinha d´alma.

O tempo passa, e nós também
Não se recupera o tempo perdido
E o que será tempo perdido?
Será a contabilidade dos anos que passamos pagando a hipoteca da casa?
Dos anos que passamos suportando as asperezas de alguém?
Dos anos que passamos reclusos em escritórios frios e sombrios, em meio a números e montanhas de papel, enquanto o dia brilhava lá fora?

Enquanto há vida, há tempo.
Mesmo curto, há tempo.
Então, nos dediquemos com paixão àquilo que amamos.
Amar não é tempo perdido.
Viver não é tempo perdido.


Robson
18/11/2010