quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Menino


Nesses tempos tão difíceis
Em que o coração me dói
A lembrança de um menino
De saudades me corrói

Semblante resplandecente
Olhinhos cheios de vida
Cabelos como os de um índio
O príncipe de uma avenida

Nasceu e cresceu sem pai
Pela mãe se apaixonou
Heroína das noites frias
Foi nela que se espelhou

Nada, nada era impossível
Em sua imaginação
Podia voar, salvando o mundo
Em seu mundo de ilusão

Em seu mundo de encanto
Tudo, tudo era alegria
Se a TV não tinha cor
Ele próprio a coloria

Via a vida de outro lado
Pendurado no portão
Mas nunca sentiu-se preso
Tinha imaginação

Sua mãe ia lutando
Pra lhe dar vida decente
Deu-lhe muito mais que isso
Ensinou-lhe o que é ser gente

Com os anos se passando
O portão foi-se abrindo
A vida veio-lhe entrando
Dando asas ao menino

Como quase nunca sabemos
Quando tudo chega ao fim
Não me lembro em que momento
Ele se perdeu de mim

Mas, eu sei, ele existiu...
Não fui eu que o imaginei
Continua em seu mundinho
Do qual me distanciei

Essas linhas que escrevo...
Ofereço a esse amigo
Que me inspira e emociona
Quando lembro seu sorriso

Devo a ele o que sou...
O que faço e vou fazer...
Tão pequeno e inocente
Me ensinando a viver


Robson Cassimiro